Espírito: Lucius
Médium André Luiz Ruiz José Passini
Essa obra soma-se a várias outras que
estão sendo publicadas atualmente sobre o tema “Fim dos Tempos”, mas desvia-se
em relatos de casos que ficariam bem numa obra que se propusesse como romance.
Em alguns trechos até romance terrorista.
Numa conferência, cuja localização não
foi declarada, o Espírito Antênio diz ser habitante de um planeta do sistema
Sírius, situado a 82 bilhões de quilômetros da Terra, e que de lá, desde tempos
remotos, vêm Espíritos em auxílio dos terráqueos. (22)
Prosseguindo a conferência, o Espírito
que havia apresentado Antênio toma a palavra e faz uma preleção sobre o fim dos
tempos. A seguir, falando à assembleia, dirigiu-se a um globo flutuante que, ao
toque de seus dedos, lentamente foi se transformando em um outro mundo,
perdendo o seu encanto e beleza para dar lugar a uma outra forma, igualmente
globular, mas sem nenhuma atmosfera amistosa. Ao olhar surpreso dos membros da
assembleia, surgia o orbe intruso, a morada nova para os velhos e renitentes Espíritos
inferiorizados, carregando a sua psicosfera densa, primitiva e difícil na qual
estagiariam as almas da humanidade terrena que não soubessem corresponder ao
chamamento da consciência reta e nobre. (36)
Volta o Espírito Lucius a falar na
velha tese de Ramatis, já apresentada no seu livro “Herdeiros do Novo Mundo”:
planeta intruso, higienizador, sugador, chupão... Esse planeta passaria por
aqui, a fim de receber os exilados.
A seguir, Aurélio, que havia
apresentado Antênio, é um Espírito que passa ao Dr. Bezerra uma série de
instruções que nada têm de novidade para quem tem algum conhecimento da
realidade que vivenciamos, muito menos para ele, que sobre elas já se tem
pronunciado em obras mediúnicas:
Bezerra e os amigos seguiam-lhe as
palavras com atenção, concordando com a análise prática e objetiva que a sábia
entidade realizava acerca da realidade do mundo espírita. (40)
Mais adiante, ainda falando com Dr.
Bezerra, entra no discurso já costumeiro de alguns Espíritos fascinadores que,
através de outros médiuns, buscam semear a indisciplina e a discórdia no
trabalho dos centros:
Não se pode mais conceber uma casa
espírita na qual a ordem mate a afetividade, a organização transforme as
pessoas em máquinas e os organogramas burocratizem a caridade em setores e
departamentos impessoais. (42)
Páginas adiante, continua seu ataque ao
trabalho espírita, agora mostrando o baixo nível moral de trabalhadores de um
centro:
– Ora, Geralda, a gente não pode perder
as oportunidades. Então, improvisei uma reuniãozinha lá em casa.
Só eu e ela. Expliquei como as coisas seriam e deixei rolar.
– Mas o tal Espírito não se comunicou?
– Bem, ela está pensando até agora que
sim... – respondeu Cássio, dando uma gargalhada.
– Mas o que fez você se lembrar de mim
nesse caso?
– Ora! Princesa, já se esqueceu de suas
carências? Esqueceu que arrastava uma asa para o noivo de Gláucia?
Geralda não respondeu, mas ficou
enrubescida por haver se lembrado de que Cássio sabia de suas aspirações
femininas, mesmo no centro espírita.
– Mas de verdade – continuou Cássio –, a
lembrança maior foi quando, depois que terminou a “sessão”, a moça estava em
prantos e todinha carente e, então, o velho Cássio encontrou finalmente a
chance que esperava. E de conversa em conversa, a moça acabou dormindo lá em
casa. Foi aí que veio a lembrança da Geralda. Você precisa ver que pernas
ela tinha. Acho que só perdia para as suas, querida. Aliás, você continua
cuidando bem delas? (55)
O capítulo termina, mostrando o
insucesso dessa mulher que, embora arrependida, não consegue ajuda para uma
renovação. Nenhum exemplo edificante.
Mais adiante, Lucius descreve uma
reunião com o Espírito Aurélio Augusto, em cujo gabinete (tudo indica que
situado fora da Terra) reuniram-se Francisco de Assis, Sócrates, Joana d’Arc,
Chico Xavier, Vicente de Paulo, Bezerra e Luiz (que mais adiante, fica-se
sabendo que é Gonzaga). Ao final, Aurélio declara:
Eis que aqui nos achamos por determinação
de Jesus para o trabalho de resgate e salvação. (123)
A partir dessa declaração, começa um
discurso em que usa, para exemplificação, uma fábrica hipotética, colocando
Jesus como seu administrador, gastando nisso algumas páginas. Diante da
descrição dos problemas existentes no Planeta, Joana declara-se pronta ao
serviço de Jesus, emocionando os demais Espíritos, levando-os a aderirem
também, num clima que mais lembra uma excursão do que uma missão. É de se notar
que Aurélio estava, em nome de Jesus, preparando a missão redentora da Terra...
E contava com sete colaboradores, seis dos quais fizeram essa adesão
emocionada, depois da declaração de Joana d’ Arc... Será que a decisão de
aderir a um trabalho de tamanha magnitude seria tomada sob o impacto de uma
emoção momentânea? É de se perguntar: Como Lucius presenciou tudo isso? Seria
também ele um Espírito de escol?
Fugindo completamente do tema proposto
pelo título da obra, no cap. 13 é descrito um caso de reencarnação. Refere-se a
um médium fracassado, que teria oportunidade de escolha, antes de reencarnar,
entre o exercício mediúnico ou a loucura, a fim de resgatar erros do passado.
(Aqui, impõe-se esta pergunta: Pode um Espírito decidir, no Mundo Espiritual, a
reencarnar como louco?) Escolheu a mediunidade, mas não foi fiel à promessa.
(144/145)
Ao longo do livro, fazendo coro com a
mensagem equivocada que tem chegado através de outros médiuns, encontramos um
discurso agressivo e desencorajador a respeito de centros espíritas que seriam
dirigidos por pessoas irresponsáveis:
Dizem-se servos do Senhor, mas não sonham
com o trabalho. Querem sombra e água fresca, querem postos e favores, mas
trazem a mente inimiga de qualquer mudança de conduta que lhes signifique um
aumento de atividade. Boa parte usa do argumento de que não devem atordoar a
mente das pessoas que frequentam a casa espírita porque elas não estariam
preparadas para as transformações necessárias. (161)
Assim estamos, Ribeiro. Adelino e eu nos
surpreendemos quando observamos que a maioria dos dirigentes espíritas está
assumindo a insensata posição do fingido capitão, negando-se a alertar sua tripulação
sobre os reais problemas do navio, bem como a de se preparar para o naufrágio. (162)
Acusações graves, através de um
discurso semelhante ao dos Espíritos que se fazem passar por Ermance Dufaux e
Dr. Inácio Ferreira, através de outros médiuns. Essa catilinária prossegue,
páginas adiante, contra os dirigentes espíritas, até o final do capítulo:
Jesus sabe como somos e quantos serão
levados no turbilhão. Talvez os espíritas se surpreendam com a quantidade deles
próprios, alistados entre os que não poderão mais permanecer no mundo renovado,
atingidos em cheio pela transformação da humanidade que lhes rasgará as ilusões
com as quais se travestem, crendo-se eleitos de Deus, poupados de dores e
aflições. Que se preparem, pois, espíritas iludidos, porquanto, para eles, a
transição será mais dolorosa do que para os outros crentes (166/167).
Segundo relato de Lucius, Sócrates está
trabalhando junto aos jovens, mas encontra dificuldade diante de barreiras
sustentadas pelos mais velhos:
Particularmente agradável me é o contato
com os jovens espíritas, cuja mente modelada pelos conceitos do consolador
prometido é oficina produtiva e indústria de belas idéias.
O único problema, infelizmente, é causado
pelos mais velhos, aqueles dirigentes cujos neurônios enferrujaram no cérebro e
que, por isso, não são sensíveis às sugestões e buscas dos mais novos. (...)
A meu ver, infelizmente, alguns estão
cristalizados na rotineira cantilena com a qual pensam que ganharão o céu ou
algum lugar privilegiado em colônia espiritual superior se mantiverem as coisas
funcionando pelos padrões do passado. Às vezes, Bezerra, preferem sufocar a
inquietação dos mais novos do que dar-lhes espaço na discussão sadia dos temas
candentes do momento. (160)
Nenhuma palavra de apreço ao imenso
trabalho de evangelização levado a efeito pelo Espiritismo. Apenas críticas,
parecendo que só agora, com certos médiuns, a verdade está chegando à Terra.
Lucius faz coro com os Espíritos falaciosos que se fazem passar por Ermance
Dufaux, Maria Modesto e Inácio Ferreira, sendo que, deste último, imita até a
grosseria ao dizer que transcreve palavras de uma médium, dirigindo-se a outra:
– Vai falando aí Mari. Desembucha, porque
isso me interessa. (185)
Ela hesitava em descrever a visão que
tinha de seres extraterrestres que compareciam à reunião mediúnica:
Eram duas entidades altas, possuindo
corpo como o nosso, mas diferentes de nós: traziam a cabeça muito semelhante a
um pingo d’agua invertido, equilibrando-se em um pequeno pescoço sobre um
tronco do qual pendiam dois braços longos, que terminavam em mãos com quatro
dedos. (...) Seus olhos eram grandes, quase não tinham nariz e a boca era bem
miúda, quase um risquinho. (198)
O discurso contra os espíritas agora é
colocado na boca de uma dirigente de reunião mediúnica:
Para que vocês entendam o que quero
dizer, existem espíritas tão puristas por aí que repudiam mesmo a fluidoterapia
– conhecida vulgarmente como passe magnético – alegando que tais práticas foram
herdadas da homeopatia e não do espiritismo.
Acho que os dirigentes devem estudar
mais, descendo do pedestal de “comandantes” de algo do qual não deveriam se
considerar mais do que servos por amor. (204)
Atente-se para a descrição do trabalho
que teria sido desenvolvido num centro espírita:
Era comum encontrar-se um encarnado
assediado por oito, dez ou mais entidades, isso sem falar no imenso contingente
dessas que ficava impedido de ingressar em decorrência das barreiras
vibratórias que demarcavam o perímetro de defesa da instituição, no plano
invisível. Assim, nas noites em que o número dos encarnados chegava a cem,
contavam-se entre oitocentos a mil os Espíritos que os acompanhavam, além dos
que se afastavam da entrada, bloqueados pela vigilância da
instituição. (210)
Ao lado dessa população, diversas
caravanas espirituais em incessante trabalho de resgate visitavam as moradias
de cada frequentador que havia comparecido, de lá trazendo entidades
perturbadoras para tratamento. (210)
Se assim fosse, a simples presença de
alguém num centro espírita lhe garantiria o afastamento de Espíritos que o
estivessem perturbando em sua casa...
E as oito ou dez entidades que,
conforme relatado acima, acompanhariam os frequentadores do centro? Essas não
seriam submetidas a tratamento?
Bezerra de Menezes, segundo afirmativa
de Lucius, na obra “Herdeiros do Novo Mundo”, está encarregado de dirigir a
retirada dos Espíritos que serão exilados da Terra. Na obra em análise, ele
coloca na boca de Bezerra de Menezes algumas afirmativas absurdas, referindo-se
a influências negativas que esse planeta exercerá sobre os habitantes da Terra.
É ambiente magnético-psíquico, cujo
fulcro está no corpo celeste que se acerca cada vez mais de nosso sistema e que
transmitirá não apenas suas influências gravitacionais e elétricas a tudo o que
esteja no campo de ação, mas, de igual sorte, envolverá a todos como essa densa
nuvem de vibrações primitivas, atuando sobre tudo que lhe penetre a área de
influência. (217)
Como poderia um planeta influir
gravitacionalmente? Se a influência gravitacional da Lua, que é 49 vezes menor
do que a Terra, provoca marés, imagine-se a influência de um planeta muitas
vezes maior do que o nosso!
Isso propiciará modificações de
comportamento, eclosão de enfermidades em decorrência de sintonias negativas,
alteração de hábitos, agravamento de tendências e defeitos pela somatória de
forças de mesma direção, efeito da ressonância ou harmonia dos Espíritos que
vibrem segundo as influências inferiores derivadas diretamente do potente campo
psíquico do orbe estranho. (217)
Admitindo-se a possibilidade de
influência, como poderia um planeta primitivo influir negativamente? Por que,
então, os terráqueos não receberíamos influências de planos espirituais
equilibrados que nos são mais próximos, como Nosso Lar, Alvorada Nova, Morada e
outros? Além do mais, não seria necessário argumentar sobre o absurdo dessa
aproximação física, já sustentada por Espíritos pseudo-sábios em outras obras.
Deixando de lado o tema central da
obra, o Espírito Aurélio descreve, em longas páginas, cenas de desequilíbrio
sexual de jovem casal, terminando por revelar:
Agora, o mais dramático no caso desses
dois, infelizmente, é o fato de serem irmãos consanguíneos, mal orientados
pelos mesmos genitores, vitimados pelo mesmo lar desajustado. (256)
Prosseguindo, Aurélio diz:
Estaremos muito felizes se, passada a
euforia da droga e amadurecidos em espírito, conseguirmos fazer com que
convertam a associação para o vício em um amor sincero de um para com o outro,
capaz de tirá-los desse mundo de perversidades.
Poderão vocês pensar: Mas eles são irmãos
consanguíneos...!
Sim, nasceram no mesmo lar, filhos de
pais comuns, mas a família os tratou como animais e, por isso, agora, se amam
como bichos. No caso deles, então, não será um progresso notável superar o amor
animal para começar a se amar como homem e mulher? (256)
Diante disso, pergunta-se: seria lícito
continuarem se relacionando como animais?
Mais adiante, descrevendo o trabalho
mediúnico de algumas irmãs, Lucius mostra um clima de desconfiança entre
médiuns, mas diz que estão encarregadas de receber entidades de outro orbe:
Dentro do plano de trabalho, os mentores
responsáveis estavam cientes de que as duas companheiras se dedicariam à
experiência de contato mediúnico com entidades visitantes provenientes de outro
orbe. (261)
Descrição de Espíritos procedentes de
outro orbe, feitas por uma médium vidente, enquanto outra anotava:
Ao nosso redor, vejo um campo de energias
diferentes, como se fosse um globo plástico de grandes proporções, dentro do
qual se encontram nossos mentores costumeiros e alguns seres diferentes. São de
diversas estaturas e tipos. Alguns são bem altos e magros, com membros
alongados e cabeça em forma de pêra ou “gota d’água” invertida. Outros bem mais
baixinhos, mais ou menos da altura da maçaneta da porta. Estes possuem o corpo
mais robusto e a cabeça mais volumosa, lembrando um pouco uma cebola grande.
(...) marcadas pela quase ausência de boca e nariz, existindo apenas pequenas
aberturas que seriam as nossas narinas e uma fenda delicada e discreta, sem
lábios, na altura de nossa boca. (273/274)
E as descrições prosseguem, revelando
seres que estariam noutro nível evolutivo, continuando com descrições
mirabolantes, como num filme de ficção científica:
Um deles possui a forma humana , mas tem
cabeça parecida com dinossauro, desses de filme. (274)
E as informações da vida desses seres
prosseguem páginas adiante, sem nada de prático, de objetivo. apenas
“revelações” mirabolantes que, se fossem verdadeiras, deveriam fazer parte de
um livro específico e não relacionadas de passagem.
Certamente já ouvimos o próprio
Codificador nos ensinar sobre a necessidade de atenção, preferindo recusar
noventa e nove verdades a aceitar uma mentira. (310)
Além do exagero, note-se que a autoria
não é do Codificador, mas do Espírito Erasto (O Livro dos Médiuns, item 230):
“Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só
teoria errônea.”
Causa espanto o diálogo que se teria
estabelecido entre um desses espíritos esquisitos, oriundos de outros orbes e uma
médium, encarregada de anotar o diálogo:
Qual o motivo prático que os traz a este
planeta? Estamos aqui para ajudar – tanto a vocês quanto a nós mesmos. (...)
Nós já vivemos na Terra quando ela era bem diferente do que é hoje. Quando aqui
estive, como membro da família terrena, este mundo era constituído de um único
continente. (327)
Quantos milênios até mesmo antes da
civilização egípcia?
(...) Ainda assim, estamos atuando
diretamente na melhoria do DNA do ser humano, como objetivo principal. (...) Os
seres humanos pagam muito com o corpo, com doenças e dores correspondentes.
(...) atuamos para que o próprio DNA evolua no sentido de defender a estrutura
orgânica da incidência de certas enfermidades, como se criássemos uma espécie
de bloqueio. (328)
Poderia o sofrimento humano ser
resolvido com uma mudança de DNA? Ou seria com a melhoria moral da Humanidade?
Será que habitando corpos melhores os Espíritos melhorariam? Seria o mesmo que
modificar a embalagem de um produto, visando ao seu melhoramento...
Quando nossas primeiras representações
aqui aportaram, fizemo-lo sob a proteção direta deste a quem chamais o Cristo e
sua augusta cooperadora direta, Maria, os quais lideraram nossa caravana até as
proximidades da atmosfera dos homens. (333)
Será que Jesus e Maria teriam sido
guias de caravanas espirituais?
Torna-se um tanto difícil a compreensão
do cap. 34, diante do fato de Lucius referir-se à ação de Espíritos Superiores
como se tudo já estivesse terminado:
Atividades espirituais se multiplicavam
em todos os sentidos. Acompanhando os arautos da palavra divina, Espíritos
empenhados na semeadura não desperdiçavam a menor oportunidade de espalhar a
luz por onde se faziam ouvir. Filósofos recebiam o amparo de Espíritos
missionários do pensamento superior, inspirando-os às reflexões críticas (...).
Autoridades em diversas esferas de
influência também eram objeto da ação das entidades invisíveis, que procuravam
inserir em suas almas idéias mais elevadas (...)
Acompanhavam de perto as decisões
políticas referentes ao destino da humanidade. Por isso, em todos os grandes
eventos da comunidade internacional, nobres emissários invisíveis compunham a
coletividade dos construtores de um mundo melhor, amparando o raciocínio dos
representantes dos diversos países (...) (391)
Note-se o relato, como se tudo já se
tivesse efetivado, pois Lucius usa o pretérito imperfeito. Diante disso, fica
parecendo que esses Espíritos que vieram ajudar desistiram de prestar o seu
auxílio, tendo conseguido sensibilizar
... pequena comunidade de cientistas e
interessados se assombravam com as modificações gerais sofridas pelos astros do
sistema solar, inclusive a própria Terra. Essas alterações estimulavam a
intensa pesquisa sobre as suas causas, na raiz das quais a aproximação do
conhecido corpo celeste previsto há muitos séculos se fazia sentir. (393)
Mas Lucius afirma que as advertências
não foram ouvidas:
Maciços investimentos em abrigos
subterrâneos, em medidas protetivas para autoridades e membros das altas
hierarquias sociais e econômicas, disfarçavam-se das vistas desse público
manobrável, sempre manipulado e enganado pelos dirigentes que elegera e que, em
troca, o deixaria à míngua, exposto às tragédias, sem direito ou esperança. (394)
Enquanto os governos criavam essa cortina
de fumaça numa política de despistar, iam escavando montanhas e construindo
abrigos para seus membros, na tentativa de garantir a perpetuação das dinastias
materiais que representavam. (395)
Lucius atribui os acontecimentos atuais
à influência desse planeta intruso:
Apesar das teorias dissimuladoras, não
eram os gases do progresso os responsáveis exclusivos pelas modificações
atmosféricas. Ao lado deles, estava uma causa mais séria, origem das mudanças
climáticas e magnéticas em quase todos os planetas do sistema solar, uma fonte
externa cuja existência seria negada até a última hora, quando não fosse mais
possível aos governantes esconderem a realidade. (395)
Os astrônomos modernos haverão
de estabelecer outras denominações para o astro que se aproxima, até mesmo com
a finalidade de não estimular antigos vaticínios e previsões. No entanto, não
importa que denominação lhe venham atribuir, certamente não evitarão os efeitos
renovadores que já se fazem sentir de maneira direta sobre todas as coisas,
inclusive o próprio Sol, com a modificação de sua atividade. (396)
Quais seriam as dimensões desse planeta
para afetar até o próprio Sol? Se afetaria o Sol que é um milhão e trezentas
mil vezes maior do que a Terra, qual seria o seu tamanho? Além do mais, o Sol
está a 150 milhões de quilômetros de distância da Terra. Entraria esse planeta
no Sistema Solar? E o equilíbrio entre os astros? Lembremo-nos de que a Lua,
que é quarenta e nove vezes menor do que a Terra, quando se aproxima um pouco,
ocasiona as marés altas...
O cap. 35 é realmente incompreensível
para alguém que pretenda usar um pouco de bom senso, pois relata acontecimentos
catastróficos, atemorizadores como se já tivessem acontecido. Todos os verbos
ali usados estão no passado imperfeito, num verdadeiro menosprezo à argúcia, à
capacidade de entendimento do leitor.
A Terra recebeu, conforme Emmanuel
relata na obra “A Caminho da Luz” (cap.3), um contingente de Espíritos vindos
de um planeta do Sistema Cabra ou Capela. Nenhuma referência a respeito de um
deslocamento que o nosso planeta teria sofrido para recolher aqueles Espíritos,
como se fora um ônibus a recolher passageiros. Os Espíritos é que foram
conduzidos para aqui. No mesmo livro, o Benfeitor diz que fenômeno semelhante
de exílio se dará com habitantes da Terra. Mas, apesar dessa lógica explicação,
o Espírito Ramatis, onze anos depois, fez publicar a obra “Mensagens do
Astral”, na qual afirma que um planeta passará por aqui para sugar ou atrair os
Espíritos rebeldes. Lucius, em sua obra “Herdeiros do Novo Mundo”, adota essa
tese, até declarando alguns nomes jocosos que o planeta já recebeu: intruso,
sugador, higienizador, chupão...
Nesta obra em análise, Lucius vai além,
pois admite que o planeta primitivo – ainda viajando rumo ao nosso Planeta – já
está exercendo uma influência negativa não só na Terra, mas também noutros
planetas do Sistema Solar... Mas quem é minimamente informado sobre astronomia
não aceita absolutamente essas revelações fantasiosas.
A crença espírita se edifica dentro de
nós sobre duas bases: fé e razão. Por isso, devemos analisar à luz do
entendimento certas afirmativas de Espíritos, a fim de que nossa fé não sofra
abalos.
Mas, é profundamente lamentável a falta
de senso de responsabilidade de dirigentes de centros, de livrarias e de clubes
do livro que divulgam obras sem que essas tenham sido lidas e analisadas.
Infelizmente, sob a capa da assistência social, tudo é válido, desde que renda
fundos...
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